Apenas existe a vida. O espírito sempre vive. A alma nunca
morre. Como disse Krishna a Arjuna:
“O espírito não nasce nem morre, apenas entra e sai de
corpos perecíveis.”
E de fato, o que é real jamais deixa de existir. Por isso, o
espírito vive: ora no corpo astral, ora no corpo físico. Embora momentaneamente
adormecido — entorpecido pelos desafios da matéria, perdido nos sonhos da
existência — o espírito que habita o corpo físico jamais morre.
Vivemos constantemente experiências cíclicas, que, pela lei
da natureza, devem ter começo, meio e fim. Sofremos porque nos apegamos ao que
é efêmero e nos desconectamos do que é eterno: o espírito.
A árvore não sofre ao perder suas folhas, nem se entristece
quando os frutos amadurecem. Cada folha, flor, fruto, semente, cada molécula do
ar que respiramos — tudo é parte dela vivendo em outros lugares. A árvore nunca
morre. Cada porção, da raiz à copa, é uma extensão do seu espírito. A folha que
seca e cai, retorna ao solo e volta a ser árvore. O fruto que alimenta, dá
continuidade à vida.
Na dança mágica da vida sem fim, morte e nascimento são
apenas ilusões passageiras.
O luto faz parte da experiência humana. É uma etapa do
ciclo. O despertar da consciência para a vida eterna é um portal. Luto é a
consciência da dor; sofrimento é a inconsciência de que a alma vive
eternamente.
A morte é uma passagem física — assim como a vida. Mas aprendemos, desde cedo, a temer a morte e, com isso, passamos a temer também a vida. Pior ainda: nos matamos de trabalhar por coisas que minam o gosto de viver — e que não levaremos conosco — perdendo o mais importante: a presença.
Por ganância, repetição de padrões ou indução social, nos afastamos das pessoas que mais amamos. Justificamos isso com o argumento de que estamos cuidando para que nada lhes falte. Mas, na verdade, essa atitude revela a incompreensão de que um dia todos nós partiremos — e o que antes era gratuito, como a presença, agora se torna caro, porque o tempo levou.
A vida é eterna. Mas após a morte, não há garantias de
reencontro com alguém específico. Por isso, o tempo de viver é agora. Ainda que
nada seja certo, é seguro dizer que semelhante atrai semelhante.
É natural que o luto traga culpa: por não ter aproveitado a
presença do ente querido, por não ter dito o que se queria dizer, por não ter
vivido os momentos possíveis. Se você está passando por isso: perdoe-se.
Perdoe. Ame. O melhor a fazer é viver — e voltar a sorrir.
Com toda certeza, aquele que você ama — e que agora vive no
plano astral — ficará muito mais feliz ao ver você sorrindo do que sofrendo.
Então, faça um esforço: não se culpe por voltar a sorrir.
Temos medo de morrer, de espíritos, de perder, de sentir
dor, de partir, de chegar — medo até de ter medo. E com isso, a alma se
paralisa e a vida perde o tempero. Se estiver com medo de viver: coragem.
O despertar espiritual pede a morte da antiga versão —
ultrapassada, mofada, cheia de valores e crenças limitantes. E é preciso
coragem para não adormecer a consciência. É preciso coragem para manter-se
desperto.
Sim, há vida além da morte — e isso acontece o tempo todo.
Sua versão de ontem já não existe mais. Cerca de 50 bilhões de células morrem
diariamente em um adulto. O despertar espiritual é justamente isso: a morte que
permite o renascimento da alma que ansiava ressurgir.
Antes de reencarnar, já estávamos vivos no plano astral —
cheios de sonhos, projetos e missões. Então, vamos viver os nossos sonhos.
Vivamos a vida. No melhor tempo que existe: o agora.
Paz, luz e presença.
Diego Roque – 21/06/2025
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