Compreender a trindade sagrada que move o universo é também compreender as três grandes forças da alma. O microcosmo é reflexo do macrocosmo; o que está em cima é como o que está embaixo; o que está dentro é como o que está fora. Em todos os planos — internos ou externos, superiores ou inferiores — manifesta-se o grande mistério que é Deus.
As culturas ancestrais conheciam profundamente essas três
forças e, por isso, viviam em harmonia com a natureza. Evoluíram
espiritualmente e passaram a habitar realidades mais elevadas. Já se perguntou
por que algumas civilizações simplesmente desapareceram? Elas deixaram rastros,
é verdade, mas não estão mais entre nós. Este é um planeta-escola. A vida aqui
é transitória, e essa transitoriedade já é a expressão das três grandes leis
universais:
- A
Lei da Criação
- A
Lei da Preservação
- A
Lei da Destruição
Ainda hoje, há povos que permanecem neste plano com a missão
de sustentar a vida na Terra. São os povos nativos. Sem eles, provavelmente já
teríamos destruído tudo. Trata-se de um povo verdadeiramente avançado,
integrado à natureza e conhecedor dessas leis cósmicas. São os verdadeiros
humanos, profundamente conscientes.
Por outro lado, o ser urbano, cada vez mais afastado da
natureza, tem contribuído para a degradação do planeta. Muitos tentam corromper
essas leis, mas elas são incorruptíveis. O que nos resta é despertar a
humanidade que habita o coração, reconhecendo que nenhum poder material
substitui o valor da consciência desperta. O ser humano pode acumular riquezas,
dominar tecnologias, mas, inevitavelmente, morrerá. E, ao reencarnar, retornará
à mesma Terra que ajudou a destruir, até que desperte para a sabedoria contida
nas três leis universais.
Não é o poder material que desperta a consciência, mas o
amor, a compaixão e o serviço desinteressado. Cada ação benevolente contribui
para a elevação da alma. Milhares de espíritos estão atualmente chegando à
Terra. São almas sendo matriculadas na escola da vida terrena. O planeta
registra, em média, 385 mil nascimentos e 160 mil mortes por dia, o que resulta
num acréscimo de aproximadamente 225 mil pessoas diariamente. Em novembro de
2022, a população global ultrapassou os 8 bilhões, e estima-se que alcance 9
bilhões por volta de 2037.
Há cem anos, em 1925, a população mundial era de
aproximadamente 2 bilhões. Hoje, esse número quadruplicou. Isso representa mais
de 6 bilhões de espíritos encarnados a mais, sem contar aqueles que estão em
preparação ou no período entre vidas. Estamos vivenciando uma das maiores ondas
de encarnação coletiva da história da humanidade. E nada disso é por acaso.
Nascemos, vivemos e morremos. Esse é o fluxo universal:
criação, preservação e destruição. Tudo o que o ser humano tenta realizar fora
dessa ordem gera sofrimento inevitável. Se uma pessoa nasceu, ela morrerá, seja
por acidente, doença ou causas naturais. Até hoje, nenhum ser humano escapou
dessa lei. Por isso, é fundamental despertar a consciência para esses ciclos
sagrados.
Frequentemente, vemos notícias de personalidades que
faleceram, acompanhadas da frase: “fomos pegos de surpresa com a morte de
fulano de tal”. Mas não há surpresa. Se há nascimento, haverá morte. Deus
possui infinitos meios para conduzir essa transição. Por isso, devemos cultivar
presença, compaixão e lucidez.
A presença nos permite viver com plenitude, sem fugas, sem
expectativas irreais, sem ansiedade pelo futuro ou depressão pelo passado. O
medo constante paralisa, mas a presença liberta. É por meio dela que
despertamos o nosso melhor e contribuímos de forma significativa com o planeta.
A vida moderna tem nos afastado da presença, nos
aprisionando em cápsulas de egoísmo e medo, na ilusão do consumo. A compaixão
nos reconecta. Ela nos lembra que o sofrimento do outro também é nosso.
Alimentar e proteger a própria família é apenas o primeiro passo. Compaixão é
ação consciente em favor do coletivo, é compreender que todos somos um. Não se
trata de ser bonzinho para agradar os outros, mas de ter clareza espiritual.
E é a lucidez que purifica a mente para que essa compreensão
floresça. Lucidez é luz na consciência. A trindade hindu exemplifica essa
sabedoria por meio de suas divindades: Brahma, Vishnu e Shiva.
Brahma, o grande criador, moldou para nós um corpo físico
composto pelos cinco elementos sagrados: terra (pṛthvī), água (apas),
fogo (tejas), ar (vāyu) e éter (ākāśa). Através desse
corpo, a alma pode experienciar a existência no plano físico. Esse corpo é um
templo sagrado, veículo da aventura humana, que permite nascer, crescer,
envelhecer e, um dia, morrer. Eis o poder da criação.
Vishnu, o preservador amoroso, é aquele que sustenta a vida
na Terra. Ele nos oferece o campo das emoções, pensamentos e energias vitais. É
ele quem mantém o fluxo da existência por meio do prāṇa — a energia vital. Sem prāṇa, não há vida. É ele quem
preserva a alma encarnada até o momento da transição.
Shiva, o transformador, nos oferece o dom da dissolução. Ele
nos recorda que somos feitos de luz, que estamos aqui apenas brincando de
esquecer nossa natureza divina. Shiva é o pai de Ganesha, e Ganesha, por sua
vez, conhece bem os desafios da experiência terrena. Por isso, é conhecido como
o removedor dos obstáculos. Sem Ganesha, estaríamos presos às ilusões. Ele abre
caminho para que a consciência siga sua jornada de evolução.
Shiva dissolve as formas para que o espírito possa se
revelar. E, ao fim da temporada terrena, possamos retornar aos mundos sutis,
respeitando o fluxo das três grandes leis. Todos nós estamos crescendo. Somos
almas em amadurecimento, crianças do Infinito em processo de despertar.
Tudo na vida passa por essas três fases: criação,
preservação e destruição. Um projeto, uma ideia, um relacionamento — tudo
nasce, é cuidado e, em algum momento, chega ao fim. O fim de uma empresa, o
encerramento de um relacionamento, uma aposentadoria, a partida de alguém
amado. Quando há consciência desses ciclos, o sofrimento se dissolve. Permanece
a saudade, a memória, mas a vida segue.
Shiva segura um tridente porque domina essas três forças.
Exu também carrega um tridente, pois compreende essa sabedoria. Ele já foi um
ser humano, nasceu, viveu e morreu, e agora auxilia os que permanecem aqui. Há
quem estude espiritualidade apenas para alcançar poder — seja parapsíquico,
social ou econômico —, esquecendo que tudo isso é transitório. O que importa é
o que fazemos com o que temos hoje.
Sim, devemos crescer, prosperar, desenvolver nossa vida
material, mas também devemos expandir nossa consciência. É por meio do serviço
ao próximo que nos alinhamos com as três grandes leis. Isso é ensinado pelo
Preto Velho, por Exu, por Shiva, por Jesus — todos são expressões do Amor Maior
que permeia tudo.
A inteligência divina criou essas forças sagradas:
nascimento, vida e morte. Início, meio e fim. O que parece ser o fim, muitas
vezes é apenas o início de um novo ciclo. Não se desespere. Não dramatize. Não
se revolte contra as entidades. Lembre-se: dois corpos não ocupam o mesmo
espaço. Para o novo nascer, o velho precisa partir. Assim a Luz se move.
Encontre seu caminho de realização. Descubra sua virtude,
aquilo que você faz com excelência. Isso é seu dharma.
Swami Vivekananda ensinou os quatro caminhos da
autorrealização, conhecidos como as quatro iogas:
1. Bhakti Yoga – o caminho da devoção
É o amor profundo e incondicional por Deus. Como o amor de um filho por sua mãe
ou a confiança entre amigos. Cantar, orar, lembrar do divino em tudo. Para os
que sentem intensamente e amam profundamente, este é um caminho que toca a
alma.
2. Jnana Yoga – o caminho do conhecimento
É o caminho da sabedoria, da investigação filosófica e da pergunta essencial:
“Quem sou eu?”. Busca-se, aqui, dissolver as ilusões e reconhecer o Ser
Infinito que habita em nós.
3. Karma Yoga – o caminho da ação desinteressada
É agir com amor, servir com consciência, sem esperar recompensas. É tornar-se
um canal da energia divina, oferecendo tudo ao Sagrado, com o coração puro.
4. Raja Yoga – o caminho da meditação e do autodomínio
É a prática que conduz ao silêncio interior, à disciplina da mente e ao
controle dos sentidos. Um verdadeiro mapa rumo ao centro de si mesmo. Swami
Vivekananda dizia que, com disciplina, a mente se torna nossa melhor amiga — e
a autorrealização acontece naturalmente.
- Bhakti
Yoga → oração (amor e devoção a Deus)
- Karma
Yoga → ação (agir sem apego aos resultados)
- Raja
Yoga → meditação (disciplina e domínio da mente)
- Jnana
Yoga → estudo, reflexão e autoconhecimento (contemplação profunda
sobre o Ser)
Encontre sua virtude e realize sua missão de
alma!
Paz e Luz
Diego Roque
Nenhum comentário:
Postar um comentário